terça-feira, 31 de março de 2048

CACHOEIRA DE ITAÚNA - "JORNADA NAS ESTRELAS"


Em nossa estada em Caxambu, tivemos nossos momentos de trabalho e nossos momentos de lazer. Num desses últimos, fomos de ônibus, cedido pela prefeitura daquela cidade, conhecer a Cachoeira de Itaúna. A distância a ser percorrida eu já sabia: no mínimo uma hora e meia de estrada, mas só de pensar na Cachoeira, que haviam nos dito "era show de bola", e aproveitar um pouco o nosso passeio, pensava eu, compensaria; afinal estávamos de ônibus e não à pé.



Pois é; só que não contávamos com um pequeno (grande) contratempo. Faltando pouco (isto de ônibus) para chegarmos ao nosso destino, furou um dos pneus (são dois) do lado esquerdo atrás, e o outro, do mesmo lado, estava esvasiando. Ou seja, os dois pneus detrás "deram prego". O motorista continuou a dirigir tranquilamente, mas pediu para que todos se posicionassem no lado direito do ônibus. Vocês podem imaginar o "fusuê" que isso causou. O pior de tudo é que no ônibus não havia estepe, mas se tivesse pouco adiantaria. O ônibus não tinha ferramentas para a troca de pneu.



Todo mundo tentou, em vão, ligar para o Armando (o A do AGMH) para comunicar-lhe a tragédia e que fosse providenciado socorro, pois já eram 16,00h e as meninas tinham que estar no hotel às 18,00h, e no local de sua apresentação às 19,00h. Por absoluta falta de sinal, nenhum dos celulares funcionava naquele fim de mundo.



Então chegamos num local (entroncamento) que tinha uma placa com o nome da cachoeira. O motorista parou, saltou e disse: "-Daqui para a cachoeira é um pulinho. Vocês vão andando até lá que eu vou descer este barranco porque lá embaixo tem uma central de telefone e eu ligo de lá para comunicar o problema e pedir socorro."



Descemos do ônibus e começamos nossa caminhada. Sabe aquele "piertinho" do mineiro? Pois é; "era logo ali", mas a gente não chegava nunca. E tome subida; e tome descida... Sinceramente, não sei o que mais detestei: se a subida ou a descida, pois meu fêmur começou a reclamar e o andar tornou-se uma tortura. E, detalhe, estrada cheia de pedregulho e poeira (Pensaram que era asfalto? Nã, nãni, nanão; terra pura). Quando passava caminhão, moto... (raros) comíamos poeira até ficar triste. O bom da estória é que todo mundo levou tudo no bom humor (menos o meu fêmur).



Depois de uns 15 minutos de caminhada, veio uma Kombi em nossa direção e Amanda gritou:

"- Olha a Kombi". Algumas das meninas, que estavam mais atrás, entenderam "- Olha a cobra", e, pulando mais do que pipoca, voltaram correndo. Alessandra, então, deu um verdadeiro show. Quando a Kombi se aproximou, perguntamos à senhora que a dirigia se a cachoeira ainda estava longe. "- Não, disse ela, é "piertinho. E logo ali adiante tem um "bairzinho" e ai cês toma uma água. Mais uns 20 minutos só."



20 minutos depois (contados segundo a segundo) o "bairzinho" não apareceu. De repente surgiu uma moto vindo em nossa direção. Fiz sinal para o rapaz parar e perguntei-lhe: "Moço, tem um barzinho por aqui?" "- Tem sim, é aqui "piertinho". Aí, não aguentei: "- Pertinho de mineiro ou pertinho de carioca?" O rapaz sorriu e foi embora. Continuamos nossa peregrinação. Vimos uma casinha repleta de flores à frente e ficamos todos felizes. Finalmente o barzinho! Murchamos; não era. Era uma casa, pura e simplesmente. Continuamos a andar e, quando dei por mim, observei que o grupo se dissolvera: havia o grupo 1 (o meu), à frente; o grupo 2 (há uns 100m mais atrás); e o grupo 3 (há uns 200m do grupo 1). Aí, acho que comecei a delirar: Fiquei imaginando a divisão do meu ballet clássico em espetáculos de fim de ano.



E continuamos a andar. Uns 10 minutos depois vislumbramos um ponto, onde cadeirinhas brancas pululavam aos nossos olhos. Meu Deus, não acredito: Era o tão almejado "bairzinho"? ou seria uma miragem? Pra alegria de todos, era o "bairzinho".



Se ainda tivessemos pernas, correríamos para aquele "oásis", mas não sei o que aconteceu, que ao invés das pernas acelerarem, começaram a fraquejar e para o bar fomos caminhando em "slow motion". Ao chegarmos, sentei numa cadeira e coloquei as pernas em outra e avisei ao dono do bar que estavam chegando mais dois batalhões por ai, a qualquer momento. O homem, muito simpático, colocou mais mesas e cadeiras e foi buscar nossa água (a minha desceu redondo, redondo (uma skol geladinha), depois um copo d´água para arrematar. Nunca uma simples água desceu tão bem e foi tão benvinda. Aos poucos o restante do pessoal começou a chegar e, exatamente como o grupo 1, sentiu-se no paraíso. É impressionante o poder de um copo d´água. (E tem gente que ainda desperdiça tanto...).



Quando o dono do bar, penalizado com a nossa "odisséia", resolveu levar as meninas em seu jipe para conhecer a cachoeira que, segundo ele, "era aliiiiiii", o ônibus apareceu lá na curva. Pensei: "-Graças a Deus; consertou". Não; ainda estava com o pneu furado e o outro murcho, mas, mesmo assim, levou-nos, todos, para conhecer a famosa cachoeira e lá ficou à espera do socorro. Gente, não é por nada não: Valeu a pena (até meu fêmur aplaudiu). Há anos eu não via uma cachoeira tão linda! Pena que o tempo foi somente o suficiente para algumas fotos. Não deu para o tradicional banhosinho para tirar o "peso". Quando vi o socorro chegando, chamei o pessoal para irmos embora. Ao chegarmos perto do ônibus perguntei ao mecânico quanto tempo ainda levaria para terminar a troca do pneu. "- 10 minutos, disse-me ele". Enquanto ele terminava seu trabalho, as meninas aproveitaram para fazer marcação das coreografias ali mesmo; na grama. No mínimo, foi pitoresco. Teve até público!



O passeio foi cansativo, mas animadérrimo. De repente, se este imprevisto não tivesse acontecido não teria sido tão divertido. Mas, da próxima vez, quero tomar um banho de cachoeira e, para prevenir, vou pedir à Prefeitura de Caxambu que providencie estepes para seus ônibus e ferramentas para que sejam utilizadas, caso necessário.



Bom, pessoal, "inté, uai".



Vide fotos do passeio, da apresentação de minhas fofuchas (Amanda, Mariana, Ana Beatriz (Biona), Gabriela, Alessandra e Vanessa (nossa mascote) ) e da carreata, na qual, elas foram as estrelas.